Estava tão desesperado!
Não sabia por onde ir, por isso perguntei e implorei por ajuda!
As curandeiras mandaram-me buscar novos horizontes, as bruxas que faziam círculo em meu torno viraram-me do avesso e as fadas aconselharam-me a acreditar na verdade…!
Logo percebi que a verdade não existia e não aceitei a mentira das fadas-de-breu. Às bruxas, cortei as goelas. Mas respondi às curandeiras com o meu alto canto desesperado, que guinchava ao criador oculto daquelas serras que me enclausuravam numa cordilheira circular.
Com tal grito… assim… desfiz as serras em mar; água-doce; cristal.
Atirei-me ao caos interior e vomitei as angústias.
Encontrei o que queria. Numa viagem ao núcleo criador de tudo, ainda se vê a boca roxa de sufoco, os pulmões ulcerados em crosta de não respirar e o coração carbonizado por um ardor.
Ali fui Apocalipse, Génesis, criador e destruidor.
Foi então que cai.
Mar, água-doce e cristal, agora sou imenso e solto, limpo, apreciado.
Abril, 2006.
Gonçalo Julião
. Titã