Sinto-me a fraquejar. As promessas que fiz a mim própria começam a perder a sua força. Agora que olho para trás e relembro as vezes em que me prometi que não ia falhar, o tempo que gastei em implementar ideais e valores na minha mente e no meu coração... Valeu a pena? Sinto que estou a trair-me a mim própria porque cada dia que passa, cada observação que faço, cada pensamento que tenho, apercebo-me que o tempo tudo debilita e apaga. Por mais vontade que tenha, não consigo travar a inevitabilidade do destino que molda e transforma o que me rodeia e o que eu sou. Perco controlo daquilo que quero controlar. Não sou capaz de me impôr e de defender o que antes me fiz jurar defender. Porquê? Porque é que o tempo deixa a sua marca e traz consigo o vazio de não acreditar em mais nada? Confronto-me com o que no passado garanti que ia manter firme e infinito no futuro. Mas encontro-me no presente e o poder, a perserverança, a teimosia, a insistência, o desejo louco de perpetuar os meus sonhos atrevem-se a desaparecer. Pouco a pouco, a obstinação deixa de ter o impacto que tem quando se principia uma promessa e o desalento toma lugar. Sim, desalento talvez seja a palavra certa.
Porém, no instante a seguir, revejo tudo o que me trouxe até onde estou agora. Tudo aquilo que perdi por ainda não ter tido consciência do mundo, aquilo que aprendi quando ganhei a consciência através do mundo. A diferença é inexplicável. Ao abrir os olhos, vi as realidades que compõem a vida e pus-me a observar e a ouvir o que as pessoas e as coisas me querem ou podem transmitir. De um pouco daqui e de um outro pouco dali, fui recolhendo peças e pequenos pedaços de tempo e espaço e a partir deles, fui construindo os meus sonhos. Ao conhecer os desejos e pensamentos dos outros, fui formulando os meus próprios. Do que compreendi e do que nunca irei entender, fui escolhendo o que me agrada e rejeitando o que me repugna. Sei o que quero ser, o que não quero ser e não sei o que serei.
O futuro sempre assusta pela sua imprevisibilidade. A imprevisibilidade de um amanhã que não virá, um antes que se antecipa, um adeus que parte, um sorriso que morre, um mal que nasce. Uma felicidade que ressuscita. Por haver tantas e infinitas hipóteses que nos estão reservadas, acreditar e lutar por uma causa, mesmo que perdida, por uma certeza, mesmo que errada, por uma utopia, mesmo que quimérica, faz-me amar o que o tempo me quer negar.
Provarei ao mundo, ao destino, ao tempo e ao universo e, sobretudo a mim, que o quero terei, o que anseio serei, o que preciso poderei, o que respeito abraçarei, o que renego compreenderei, ao que desprezo adaptar-me-ei.
O que sonho manterei.
D-Furikuri *
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