por quem sois, sentai-vos perto de mim, à minha beira esquerda. aqui estou, um banquete Pascal, dominical. deixai-me ser intelectual das emoções. o intelecto pensando cora com a lavoura que lhe é reservada.
o cortinado esvoaça e não me deixa avançar e puxo-o e ele rasga-se e escapo-me para a varanda abandonando o salão enfadonho rejeitando o ar fresco e seco da tarde que acaba agora e está tudo alaranjado. é um bloco de cimento vasto, maior que o gradeamento da varanda as minhas botas brilham nas escadas e firme estou com um leve sorriso de escárnio observando obcecadamente a porta do salão arqueada e tão lenta tão desnecessária enquanto cai em pedaços meu braço por estar rígido e a cara paralisada depois do último bafo e cinzas ainda ardendo caem alaranjadas nas botas reluzentes meu pavor e medo escalando as pernas joviais traçadas mas sem efeito, este meu pensar. só vê o perfil deste expressivo semblante velho e covado ardendo com o desafio e à parede rebocada encostado lembra um mural egípcio uma animação de perfil alaranjada muito perfeita.
já muito tem danificado este corpo danado. estraga o que admira e o que lhe intriga o que ama por fim. nada tem conseguido saciar esta gula imponente e irracional. não tem havido festividade capaz de me dar sustento nem tanto alimento que preencha o guloso esquecimento.
quer a cegueira sofrida apagar-se e largar-me e tenho eu de me dar à compreensão e tornar-me no então intelectual das emoções soltando o intelecto numa tarde alaranjada devorando os males e mau-estar os malefícios enfim.
23/03/08
-domingo (18:)
Gonçalo Julião.
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