Terça-feira, 15 de Janeiro de 2008

mas, assim

   balançando.

   dá-me a mão, num dia de nevoeiro na rua, ela rindo, calçada vibrando. peço a mão a uma intrigante dama de sorriso algo perfeitamente rasgado em duas metades encantadoras.

   quem sempre teve por musa bonecas normalizadas de cabelos lisos, sem cara, descaradas, poder-se-ia dizer...

   um passo ritmado ao pé do candeeiro, em hipnotizantes movimentos... serpenteio até ao travesseiro, usado, tresandando a ti, minhas lágrimas no conquistado travesseiro. sonhos ingratos os que tenho com a impensada musa, mais musa doutros que minha não deixando de ser musa das batidas apaixonadas do "blues" que ronrona em mim e me trabalha no estômago.

   costumava passar o tempo a desenhar os contornos do despenteado cabelo liso duma boneca rabiscada que nunca teria o aspecto dalgo que saltaria do papel para me coçar a comichão, prurido, esta coisa que bichana na cabeça dum idiota. mas vá...não saltaram. rabisco bem, mas não me satisfaria um rabisco. é claro de ver.

   não preciso de estimulantes... não preciso não.

   quando te quiser encontrar apenas tenho de me lembrar do apetite que as tuas duas metades rasgadas que não foram por mim desenhadas e que me encantam me provoca. és curiosamente arrebatadora num veículo singelo, de sonho, uma boneca aprimorada que saltou sedenta do jogo do gato e do idiota, assim eu desejava um jogo proveitoso. neste dia vibrante, nevoeiro que torna o jogo em sensualidade. lembro-me dum sorriso que não por acaso é o teu, o sorriso que me calha bem, viciosamente, o sorriso exaltado em exaltos, a parada ribombante e marchas incertas, formigueiro. assim sangue poderia suar. tanta festividade e duvida, combinação letal que não me envenena, esgota-me. tons roxos predominam na tua presença. o roxo antitético que me arrebita, me faz centelha de Hades, algo perversamente ardente.

   largo os moldes enfadonhos... delirantemente escorrego nas ondulações apertadas, os teus cabelos. enrolo um cacho no meu dedo e provo-te.

   bem, bem vou interromper-me e deixar assim a minha confissão. nenhuma outra maneira de me dançar e incitar-te a dar-me a mão e a acompanhar-me no dia de sensual humidade que leve paira e colide na faísca e estaticidade que disparo em ti. de nenhuma outra, mas, assim.

 

 

Gonçalo.

23, Dezembro de 2007.

música: paper moon - ella fitzgerald & louis armstrong
reflexo de turma 12º 12 às 17:52

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1 comentário:
De silvie a 25 de Janeiro de 2008 às 17:05
ui! grande mudança de temática. prova de versatilidade. tas com uma escrita muito mais apaziguada, mais clara e simples. gostei imenso dco texto.

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