É intenso e dinâmico este sentimento que move o mundo.
Chama-se AMOR,
o meu é por ti!
Estava aqui a lembrar do teu dia de anos,
de quando te abraçei
e pediste a já nao lembro quem
que nao interrompense o momento
porque eu estava prestes a dizer algo muito bonito...
Lembrei de quando ríamos até cair de dores na barriga.
Sinto a tua falta, apetece-me chorar!
Sempre que tomo uma decisão altero-a,
sempre que a altero fico com dúvidas.
tenho andado devagar estes dias,
nao só para saber por onde ando,
mas para evitar pisar em alguém.
Estou triste hoje, acordei assim.
Os últimos cinco anos da minha vida são sem dúvidas os que mais me marcaram. Os últimos quatro são definitivamente os mais intensos. Os últimos três são sem sombra de dúvida os mais conturbados. Os últimos dois são sem margem para contestação os mais confusos. O último, é o mais definitivo. "É" porque ainda não acabou."É" porque sempre me vai prender a lugares e a pessoas e a laços que criei e/ou destruí com maior ou menor consciência e facilidade.
"Sempre" sempre foi uma palavra demasiado abrangente para o meu espírito livre, liberal, libertino... e confrontar-me com o peso do seu significado é, forçosamente incómodo.
Mudei de casa, mudei de escola, mudei de mentalidade. Cresci, adaptei-me aos outros e deixei de viver independente deles. Tornei-me menos irresponsável, mais justa e com melhor "timing", diria alguém. Percebi que tudo o que quero, posso, sinto e faço afecta os outros e que isso é inevitável. Percebi que muitos dos que rodeavam estavam a mais e muitos dos que estavam longe me provocavam uma sensação mais angustiante do que a saudade: Insegurança, instabilidade... nostalgia, talvez - embora sabe-se lá porquê essa palavra na minha cabeça seja associada ao Natal, a que eu não ligo pevas!
Desde já nem sei quando achei que deixar-me conduzir por outros era perder voluntariamente a minha independência, tornar-me vulnerável, frágil, estúpida, reprimida, condicionada, controlada, manipulada - dando a outrem o controlo que me pertencia e que muitas vezes me induziu em erros crassos, imperdoáveis, incorrigíveis. Nao tenho escrito muito... creio que se nota. Tenho lido, desenhado, pensado mais do que escrito mas julgo-me, no entanto, capaz de sintetizar tudo o que pensei e conclui ate aqui.
Um breve aparte, menina-mãe, sei que andas muito triste comigo e decepcionada, mas também disseste que não havia um meio termo possível. fico feliz que aproves o meu novo eu, a minha nova vida e todo o que me envolve desde as pessoas aos objectos. Vou mandar-te fotos.Estou igual em termos de aparência, acho eu. Mas assumo-me como mais feliz, mais dada a conceções, e tornar-me assim mais flexível faz-me bem... faço feliz e sou feliz em consequência.
De uma forma geral penso que a evolução do meu personagem foi benéfica, e lenta de certos pontos de vista. Talvez tenha vindo na altura certa, com a pessoa certa. Bom, a verdade é que é agora que essa evolução mais se manifetsa porque estou mais longe do meu eu no princípio e há dias em que não me reconheço! Tive pena que o saldo tenha acabado num momento fulcral da conversa, mas hei-de voltar a ligar muitas vezes mais porque ainda que eu saiba que me vais entender quanto as respostas as perguntas que me fizeste, existem coisas que eu própria nao sei. Por exemplo, nao sei exactamente o que pretendo. Não tenho a certeza se quero mudar algo ou tudo, se me quero justificar, se quero apenas reconhecer que falhei muito...
Acho que esta distância geográfica quase me matou, sabes? Senti que um pedaço da minha vida estava pendente, como um problema que nos martela a cabeça a pedir "resolve-me". Mas não quis resolvê-lo. Sinceramente nao quis porque na altura nao era capaz de entender os outros, eu gostava, detestava, e me sentia incomodada, tinha uma perspectiva mais extremista, radical, directa, racionalista de ver as coisas pa-me a entender certas atitudes. Continuo a encarar essas atitudes da mesma forma. Incomodam-me. mas já sou capaz de as entender e até de perceber a minha culpa no meio de tudo isso. Acho que a chamada caiu quando eu dizia que "foi melhor assim porque"... foi melhor assim porque existiam duas felicidades e uma implicava a incapacidade da outra e eu optei pela minha porque entendia que a outra dependia de si própria e nao de mim.
Voltando ao assunto, o que penso de mim mesma? Uhm, que tenho uma boa capacidade de persuasão, que tenho o dom de alterar o estado de espírito dos que me rodeiam e que nao sei adequar a minha mensagem ao seu destinatário. Também sinto que muitas vezes nao fui capaz de abdicar da minha lei suprema em prol de algo maior, mais bonito, mais necessário, mais importante. Houve alturas em que me senti segura, outras em que tinha a certeza de estar a fraquejar. No entanto, em ambas as situação deixei tudo como estava. Mais ou menos tarde eu tomava consciência do como e do porquê quando fui cobarde, quando tive coragem, quando tive medo, quando assumi que errei, quando nao assumi que errei, quando magoei os outros, quando fiz feliz os outros, quando fiz sorrir os outros, quando dura de mais, quando fui insensível, quando chorei, quando mudei.
De ti não penso nada do que pensas que eu devia pensar. É verdade que sempre me quis desviar das tendências alheias, achava que era diferente, sabes, que nao tinha nada a ver, que nao me podia encaixar e ao pensar assim feri os meus próprios valores de amizade, de coerência, de sinceridade também porque nao fiz o que disse nem disse o que fiz. A verdade é que nada me obrigava a isso, e ainda hoje me questiono sobre qual foi o momento mais errado. Do meu ponto de vista a falha foi em nao cumprir a minha lei numa primeira fase, mas podem ter sido vários, sim, foram muitos...
Depois da chamada cair fiquei a tentar terminar a frase por mim mesma e senti-me culpada, procurei uns cadernos em senti-me fria, li esses cadernos e senti-me má. O resultado do que na altura julguei ser o mais indicado é uma sensação de que podia ter evitado muita coisa que demorei a perceber que me doeu tambem. Não é pena, nem vontade de recuar o tempo. é tisteza por ter aberto uma vala enorme entre duas vidas. Tristeza por ainda hoje achar que nao tinha alternativa melhor. Tristeza por não entender o motivo de a vida constantemente me confrontar com essa vala. Tudo isto se processou, como sempre, a longo prazo. "Mau timing", Desculpa...
Ou Doutro Modo Conhecido Como, Eu Perdi O Meu Ego
Como dito acima, és necessário o da
Dá o que da se pertence o que não é roubo
(Hoje pairas coelhos e cordeiros lobo)
Se não pares de partições de povos.
Pares os teus pares nos ares de Soares
Soares era Barnardo, era Barnabé
(Digo era porque já foi, já não o é)
Ou talvez ainda é e não foi ou serei
Tentarei dormir não tão pouco
Pois os teus ouvidos me fazem louco
E os meus pés de mim me fazem mouco
(Digam-me mais uma outro)
O ouro que roubas do Doiro
É oiro que no douro encontra a cor
Parece-me tão pálido e sofredor
Agora víbora à luz da hora
Que se sente dentro do que está fora
Porquê questionar as questões
Dos que não se enganam pelas ilusões
Que se escondem na penumbra plúmbea
Da realidade soturna e ruptura oolítica
Feliz pescada é de certo, pescar peixe
Em calda, flutuando fruta no rio doce
Fresco o que não está morto, suponho
Que o que está não o era e já foi, sonho
A semântica quebrada não é estagnada
Desde que a Luzia romântica se ofereça
Talvez por meios menos desprendidos
Dos despejos de esposos sem pejos
Ou espólios de desejos que se vejo
Num freixo frouxo e lasso de cansaço
Num braço esticado e retournicado de sasso
Mas asso que tal cansasso se zerá dado
Se fosse capaz de resultar o que me é dito
A se calhar tu respondo o que eu não ouves
(Alguém sei se retournicado não será um outro retornar
Para não dizer o fornico do que não quer conjugar)
Por cavalo com destes dentes por mostrar
Debaixo da gengiva nada, se não ar
Por cima da gengiva, pele e pêlo
Seja por ela ou por elo (fosse cavalo ou camelo)
Cremado gato o comeu sapato meu
Duas toupeiras de barriga cheia sofreu
O que uma indigesta onomatopeia recebeu
Caso raro é abuso do uso do que se perdeu.
Bernardo Cão
Está uma sombra pequena a aproximar-se de uma sombra maior, na noite penumbra. Como estas sombras se fazem ver na escuridão é um motivo sobre o qual o leitor se pode debater mas tente aceitar e acompanhar este pequeno e romântico desvio da lógica em favor de um certo tipo de ambiente estilistico. A sombra pequena poderia ser a de um gatuno ou qualquer outro tipo de malfeitor que se preza a vandalizar e a violar a serenidade da sombra maior mas, não, não se apoquente que este malfeitor trata-se apenas de um estudante da sombra maior que se revela então ser uma Faculdade, mais precisamente, uma Faculdade de Letras.
Onde estamos, ou seja, onde é que se encontra esta faculdade não é necessário e até poderia desconcentrar o leitor se viesse a saber. Muitas vezes, quando a realidade não corresponde à ficção, a suspensão da descrença – como os nossos companheiros anglo-saxónicos e euro-americanos poderiam descrever – é desfeita e pode-se quebrar totalmente o processo de leitura (e para o autor, até o processo de escrita). Até o modo de escrita nos pode afugentar. Tal como neste momento a história é contada do seguinte modo, poderia ser contada de outra maneira. E além do mais, não fossem os maneirismos de determinada localidade ou região, todas as histórias passavam-se num mesmo plano físico comum. Veja-se os contos infantis: que seria das nossas crianças se por acaso o Capuchinho Vermelho fosse de Odivelas e o Lobo Mau do Porto? Será também que realmente queriamos uma Gata Borralheira com um sotaque açoriano? Mas, para bem da consistência, deixemos em paz tais problemáticas e concentremo-nos no assunto à mão: Duas sombras, já respectivamente identificadas como um estudante e a casa de estudo que o alberga e o tempo do dia.
Como bom estudante e como qualquer lisboeta que se faça passar por alentejano, já se encontra o nosso disciplo bebêdo desdo meio dia, pouco antes do almoço. Provavelmente é essa a maior motivação do seu esforço. Se estivesse sóbrio, nunca em mil anos se apanharia na situação em que se apanha. No entanto, para alguém ébrio, a maneira deselegante na qual, através do mato rasteiro e das heras que se inscrevem nos primeiros andares e que conduzem verticalmente aos pisos superiores, sobe até é visualmente impressionante e digna de louvar não fosse a anxiedade que o nosso escalador causaria nos corações de quem o pudesse ver. Finalmente, num contorcionismo e malabarismo digno dos mais elevados circos russos e ciganos e eslavos, o nosso guia dá um salto de tal forma monumental, de tal forma fantástico e digno de se ter registado para as gerações futuras (tanto para poderem apreciar tal feito como para ser usado como prova em tribunal disciplinar por arrombamento), de tal forma gargantuesco na sua impossibilidade que vai parar incólume na tesouraria do seio universitário. O seu plano nesta fria noite de Inverno (como todas as noites frias em todas as histórias) é pura e simplesmente destruir todos os ficheiros e papéis de importância desta instituição, num gesto demonstrativo da sua profunda admiração pelo nihilismo e pela anarquia, descoberto desde da leitura de há umas quantas bebedeiras para cá de umas quantas citações de uns quantos marxistas e uns quantos comunistas e tudo o que seja de esquerda e de algum modo alternativo à contemporânea sociedade regente e que se possa encontrar em revistas com o nome de “!Camarada!” ou “Avante”, proclamando slogans do género “Estudantes Contra (...)”. Contra o quê exactamente nunca soube nem tenciona saber, apenas o facto de estar contra lhe serve, já demonstra uma atitude de afirmação e de revolta, uma atitude que certamente vai ser recordada pelos seus pares e pelos futuros docentes deste mesmo edificio que ambiciona destronar.
Quando, por fim, nota onde se encontra, vai ao bolso buscar o seu fiel isqueiro, o farol de todos os estudantes que lhes ilumina a leitura nos tenebrosos dias que correm. Pegando no primeiro punhado de papeis que se lhe apresenta à frente que é, por ironia do destino talvez, a constituição estudantil. Murmura umas palavras chaves e com isto queremos dizer que grita sem pejo nem vergonha uns quantos clichés e slogans que ouviu na sua rua – We Don’t Need No Education, É Proibido Proibir e (o seu favorito) Et Pluribus Unum – e vai pegar fogo ao conto de fadas quando cai borracho no chão, ressonando de maneira a entrar em competição com qualquer morsa ou leão-marinho, enquanto o alcóol finalmente começa a assentar no seu sangue. Não queima mais que a ponta dos dedos.
A poucos metros dali, noutro edificio, encontra-se a secretaria da Faculdade na qual se encontram os tais documentos destinados agora a não serem carbonizado. Mal sonharia o nosso nobre e bohémio vandâlo, que no seu esforço heróico de deixar definida uma decisão política que nem a ele lhe parece exactamente clara, que para além de haverem duplicados de todos os documentos importantes noutros depósitos, já também foram todos digitalizados e conservados para as gerações futuras sob a forma de quadrados pixelizados.
Bernardo Cão
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