Eram onze da noite, faltava apenas uma hora para o final do século e, com ele, do milénio. Eu atravessava as ruas de Paris num estupor inquietante, um entorpecimento de todo o meu ser derivado de um qualquer envenenamento cultural e espiritual que havia-me sido transmitido não sei como nem por quem, sentindo como se houvesse jazido toda a minha vida, adormecido numa insónia persistente e incurável. Sabia apenas que os meus pés conduziam um caminho cujo meu intelecto poderia apenas lhes confiar. Dei por mim a atravessar os Campos Elísios e a emaranhar-me cada vez mais na zona antiga da “Cidade das Luzes” até chegar a um prédio desconhecido e predefinido, donde provinha o ruído mais estrondoso e atemorizante daquele quarteirão, e, olhando lá bem para cima, no mais último e mais luminoso andar, as sonoridades tão familiares ao ambiente de festa quase que ganhavam matéria corpórea, mesclando-se com as estrelas milenares.
Entrei sem porteiro algum que me impedisse. Estava vazio. O prédio era antigo, sem dúvida uma relíquia do século dezoito, todo o seu semblante arquitectónico publicitando a sua majestosa idade. De certo modo, a impressão que transmitia era que o edifício em si, a estrutura em si, cada andar e cada vestíbulo e cada quarto e cada divisão e cada corredor e cada pilar e cada porta e cada maçaneta e cada trinca e cada detalhe ínfimo daquela obra, ambicionava comparação e superação do momento eterno que se estava a concluir. Doze marcados no velho elevador, uma adição mais recente. O elevador arrancou. Sentia o seu tremer, as suas vibrações nos meus pés e na minha cabeça, sentia algo preso na garganta, como quando algo está prestes a mudar. E é esse e sempre foi o meu maior medo, para além do meu temor de elevadores. A mudança. Aqueles factos inerentes e imutáveis em qualquer relação que um dia irão revelar-se à luz do dia e alterar o inalterável, os amantes obscuros que definham sobre as verdades por eles fabricadas. O elevador pára.
Ninguém. Mantenho-me vigilante e hipnotizado. Sinto-me leve e pesado. Carregado e conduzido pelos meus pés, mas pelos passos de outrem. O andar está vazio e empoeirado, um parque de estacionamento sem carros nem lugares para onde os enfiarem, apenas uma divisória longa e ampla, propícia ao eco e ao abandono. No entanto, longe, lá longe e ao fundo, uma luz de cima espreita, iluminando suavemente as escadas rústicas de cimento. Para um andar superior. O décimo terceiro. Compreendi que para alguém o alcançar era necessário ir até ao décimo segundo andar e a partir daí, subir para o piso ignorado. Esta era uma característica de um povo civilizado e sofisticado, mas cujos antigos medos e superstições não haviam ainda deixado a mentalidade colectiva. A minha sombra persegue-me e empurra-me contra o precipício inverso e lá vou eu, caminhando como o primeiro homem forte de braços a caminhar na Lua, cada pegada minha inadvertida e conscientemente marcada no terreno insólito e inerte. Subo os degraus até chegar à portinhola obscura. Carrego no botão. Todo o ruído afaga-se e momentos pesam.
“Bon soir et bienvenu. On-peut lui aider?”
A minha garganta fecha-se sobre si mesma. Sufoco! Tenho a real sensação que sufoco, sinto-me nervoso e arrependido, a boca seca, as palmas das mãos suadas, quero vomitar como um animal após entrar na armadilha do caçador ou na boca do lobo ou na toca do leão, os meus joelhos tremem sobre o preso magnânime que é o meu corpo, suo e as minhas pupilas dilatam-se e tentam ajustar-se à ínfima luz existente e entro em pânico e tento gritar e tento falar e tento mexer-me, correr, fugir, tento tudo e nada acontece e eu não sairei vivo deste prédio.
“Oui?”
Então tudo pára e é como um murro seco no estômago. A sobriedade retorna e acalmo-me, encharcado no suor. Arranho o francês.
“Oui, je veux entrer dans votre fête. Serait ça possible?”
Ninguém me responde. Falta meia hora. A porta abre.
A luz invade-me as pálpebras e por um momento sou cego. Aos poucos vai-se diluindo as inúmeras cores e formas e conteúdos e começo a definir contornos para se revelar diante dos meus olhos a mais elaborada e detalhada festa que alguma vez havia observado, a festa milenar, capaz de rivalizar qualquer orgia e bacanal romano, capaz de superar qualquer banquete barroco, onde rios de ouro saciam a sede sôfrega dos insaciáveis, a gula perversa dos morbidamente obesos e dos obesamente mórbidos devasta tudo, qual praga bíblica, enlevam-me aladas lúnulas e luminosos desejos flutuantes entre os visitantes fúnebres celebrando a vida debaixo desta cópula imoral, através do envenenamento do corpo físico por vários químicos e toxinas, sinto o fedor suado do deboche e a promiscuidade penetrarem-me forçosamente as narinas e ao mesmo tempo é o espectáculo mais sumptuoso e decadente na História de toda a raça humana e a única experiência do sobrenatural nesta nossa ímpia Terra. Neste baile de máscaras altos sacerdotes, clérigos, padres e frades sodomizam os canibais; patéticas desculpas de mulheres, escondem-se sobre camadas de centímetros de maquilhagens e vestuários e jóias e especiarias, lágrimas negras de risos maníacos e histéricos esborratadas nas suas bochechas lívidas, fumando das suas cigarretes de meio metro, dentadura podre e amarelenta, corrompida pela luxúria; um esgoto elevado num pedestal, ocupado pela mais repulsiva e degradante escória humana, dispersos crisântemos antropomórficos náufragos, excrementos ambulantes e dotados de pulmões negros e ressequidos, fumando e bebendo enquanto escarram sobre os carochos no fim do mundo, queimando-lhes na alma o seu olhar depreciativo e putativo, tudo isto numa enorme panóplia, uma polpa disforme e horrenda de cores e sons e formas. O que parece ser o Anfitrião, uma criatura alta e pálida, vestida excessiva e abusivamente de floreados vivos e letais, apresentando a máscara mais elaborada de todas, onde rugas circundavam mais rugas, composta por expressões sádicas e infernais, olhos escondidos de um branco pastoso, contrapostos contra o negro das suas olheiras, esta criatura produz-me um livro de coiro vermelho, borda doirada, pejado de assinaturas. A sua intenção, parece-me ser, a de que eu escreva o meu nome nele, de modo a registar a minha presença neste bacanal. A lista é enorme, e mesmo se eu tivesse a eternidade para ler o documento, ser-me-ia aquém do necessário, como se todo o milénio estivesse nele enquadrado. Assino o meu nome. Ao lado o Anfitrião rabisca um segundo nome. Tento perguntar-lhe o que escreve, mas não me faço entender, nem a ele, nem a nenhuma das incontáveis figuras, agora que o aperto na garganta volta e sinto o enjoo em todo o meu ser, como se Deus me houvesse renegado neste instante. É como se cada uma destas personagens, destas máscaras, que infestam o ar fosse apenas como mais um detalhe da festa, um doirado ornamento barroco, enjoativo na sua forma, vazio na sua essência, nunca deslocado do seu ambiente e como tal apenas interactivo com ele. Riem-se e divertem-se com o meu exaspero, o continuo aumento do meu sentimento de mediocridade, da minha condição de ostracizado desta seita e da outra.
O Anfitrião bate duas palmas e prontamente aparecem dois Anões, fumando um charuto cada um, passando brutamente por entre a gorda multidão, empurrando-os, insultando-os, bigodes fartos na barba por fazer, cabelo aos tufos e chucha na boa, como dois horrendos bebés disformes fugitivos de uma feira de aberrações do inicio do século, empunhando tridentes tão grandes quanto eles. Agarram-me e forçam-me no chão e, antes que o consiga evitar ou sequer o dê por isso, estou nu, no meio da divisão inconcebível, sem que eu consiga ver os limites da divisória, inexistentes ou meramente bloqueados pela parede da massa putrefacta do auditório. Tento novamente falar mas as vãs palavras tropeçam, rasgo sons guturais da garganta, as sílabas regridem a apenas grunhidos primitivos e sou um ser comum, uma besta que aqui é abatida, cujo intelecto não é capaz de alcançar Deus, nem exercer algum nível de compaixão ou piedade nestes animais cada vez mais semelhantes a suínos. Sentados ou em pé, comendo ou bebendo, as suas maquinações de civilização não escondem a sua natureza vil e puramente mesquinha! Quero morrer e acabar já com esta triste existência mas os Anões, ou para se entreterem a si ou ao público, ocupam-se a picarem-me e a manterem-me vivo com os seus tridentes rústicos e espancam-me e maltratam-me enquanto a festa mergulha em suor e vinho e lava quente da carne, até eu estar deformado e aleijado, uma sombra incapacitada até para a função de sombra. Os meus membros perdem a vontade e somente pendem do meu corpo por hábito e nem para jazer possuo forças. Sou o nu perante as máscaras, a promessa auto inflamada que nunca procuraram! Ponham-me sobre o pedestal e façam de mim a aberração principal, transformem-me no objecto de escárnio e escória, retirem-me a humanidade que nunca me pertenceu! O impulsionador da mudança que não é capaz de evoluir, o exponente da mediocridade que viveu na dormente ilusão de ser quem não conhecia viver… E de repente pergunto-me quem realmente usa máscaras enquanto sinto o vómito a subir a minha gorge.
Um alvo em branco inscreve-se na minha mente enquanto me atiram do décimo terceiro andar. Nos meros segundos que demora a minha queda, a minha mente diverge-
-se num universo auto-contido para implodir extática, do mesmo modo que o meu cérebro respira pelo meu crânio rachado.
Os médicos dizem-me que em um ano voltarei a andar. A falar deverá demorar pouco mais de três a cinco anos, devido às lesões cerebrais. Não percebo os médicos, os lábios mexem-se mas só oiço disparates e de certo modo aprendi a pensar sozinho. O milénio já entrou há algum tempo, não sei quanto. Resta-me só viver o principio da minha vida conhecendo de informante certo o quão promissor sou e o absurdo de tudo o que me espera, apenas para encarar tudo nu com um sorriso nos lábios, numa alma sem forma nem limites.
Bernardo Cão
(23h) o meu carro podia ser a minha casa. bem que podia, se tivesse
televisão por cabo! chega a esta hora e tenho de ir para casa, ter com a minha esposa, amada esposa! tratá-la bem, acarinhá-la, respeitá-la, esganá-la!... bolas! Ir para casa tornou-se num tormento! ouvir as lamúrias da Adelaide e blá, blá, blá, - “ó Alberto não fales assim, ó Alberto daqui, ó Alberto dali”- que nervos! estar com a Adelaide não me costumava trazer má disposição e incómodo…
conhecemo-nos ainda na faculdade! ela era interessantíssima!! elegante e provocadora! lembro-me de a encontrar sempre a estudar, apetecia-me atirar os livros dela ao chão e fazer com que reparasse em mim! ela dava luta, naqueles tempos e ignorava-me e depois provocava-me, brincava comigo e deixava-me a ferver de paixão. agora é uma, mais uma, apanhada no existencialismo e no melodramático. desinteressante! insonsa! repugnante! sem paixão! e descobri que as japonesas sabem fazer truques mirabolantes. sim , é verdade, sou capaz de trair a minha mulher. que querem? fui obrigado a fazer tudo em nome de algo vago para mim, negócios, família… até o meu casamento é produto disso!
(23:15h) estou a conduzir, estou cansadíssimo, farto de salamaleques
insuportáveis e irritantes e de tagarelices.
basicamente, fui obrigado a ser mais um no negócio de família, convencidíssimo que era o melhor para mim e para o “papá”. mais tarde apercebi-me que o dinheiro era o melhor para mim. Isso para mim era o melhor, isso sim! definir prioridades! aprendi rápido e bem! mas o “papá” queria para mim o corriqueiro! tinha de ganhar para sustentar a minha esposa ou pelo menos sustentar os seus cabeleireiros, e estéticas afins, e ainda para criar filhos e por último pagar as despesas adicionais mais a roubalheira nacional do costume. No entanto não vejo nada de filhos nem de como os conceber. desde que acompanho a Adelaide nas suas lamúrias e lamentos repudiei a ideia de ter pirralhos a fervilhar pela minha atenção.
a Adelaide cansa-me (muito honestamente), e não me satisfaz! não tenho gosto no matrimónio… e as japonesas vão atenuando este ponto.
para tudo isto, há que suportar os salamaleques dos jantares de negócio! detesto aquela mediocridade! só quero subir e ganhar o que mereço porque trabalho e batalho para isso. a instrução que recebi ajuda-me a manter-me lúcido nesta rotina esgotante! Isso e maltratar os estagiários! ah-ah!
(23:25h) já cheguei, conto só mais cinco minutos para me preparar para entrar em casa… amanhã acordarei e será a mesma correria, que tanto gosto (faz-me sentir vivo e activo) e darei o mesmo beijo cansado e desprovido de paixão à minha esposa, e guiarei até à empresa da família onde tenho sempre almoços, jantares, quase precários não fossem as acompanhantes de requinte… ai! vamos lá ao martírio!
(23:30) estou cansadíssimo! assim que abrir esta porta acabou o meu dia! caramba!...
não, amanhã chego mais tarde, vou correr os meus
º 14/05/08 21h
Gonçalo cognomeado de Pirua
São apenas decisões, caminhos. Se podia ter evitado isto? Claro que sim! Mas porquê fugir do que se quer? Se podia ter deturpado o rumo da estrada? Podia, mas é tão mais confortável seguir a direito… E, mais importante e evidente, eu podia, ainda, ter interpretado os presságios e sinais que se atravessavam no meu caminho desde o mais remoto início da época. Sem dúvida que podia! E ainda assim não o fiz, limitei-me a esquecê-los na gaveta da paz. Porque não o fazer se não gosto de guerra nem de trabalhos desnecessários? E, com isto, podia ter previsto toda a história, mas assim o seu desfecho não teria qualquer tipo de piada. Se me diverti? Obviamente. Se me senti ou sentirei menos bem nesta ou naquela ocasião? Naturalmente.
E que importa? Que importa, se todos os caminhos vão dar a Roma e todas as decisões são biologicamente iguais? Nada. E este nada soa a tudo, porque sinto nada e vejo tudo. Sinto apenas o que a anestesia geral me permitiria, ao contemplar estas sensações que estão em mim mas que não sinto, apenas vejo os vultos, os enormes vultos.
Tudo é inútil e simétrico e ainda assim necessário. Tudo é igual a tudo… então para quê pensar nisso?
Silvie
Ó doce composto orgânico a quem eu gosto de chamar amante,
Doce, doce mas docinha Odalisca…
Os teus olhos são como globos gelatinosos
As orelhas como plataformas de anfiteatros gregos
Ou talvez como a mais fina porcelana chinesa
Pratos de sopa redondos e vermelhos.
Os teus dentes são a mó do moinho
Moendo, moendo, moendo…
Moendo, muito molemente toda a morfologia do que se moí.
E Deus sabe que quem moí me dói…
Dói-me porque me mói… Mói com os dentes.
Moendo…
Obesamente mórbida me pesa a tua vista
Tão intoxicante quanto o aroma do monturo aziago
Extraído do fel de um mais-que-recém-falecido …
Saber, coitada, que te cinges a mim por deficiência intelectual
(Eu, que me cinjo a ti por distúrbio hormonal para além de mental)
E nada mais tens que um imberbe mancebo pleonástico e nefasto como o que se te apresenta…
“Os teus cabelos lembram o feitio de seda e o cheiro produzido pelos que a fabricam”
Penso eu enquanto cheiro a madeixa que me ofereceste no outro dia
Deixando estrategicamente a tua cabeça repousada na almofada
Fingindo que dormias, de modo a eu poder remove-la do teu maravilhoso escalpe
Sem necessitar de qualquer tipo de persuasor mais inorgânico.
Deleitoso e lúbrico é o onirismo do teu violino de pulso de amargura
Que eu oiço pela minha janela enquanto arengo enfaticamente
Glóbulos líquidos rasgam a minha face enquanto te fruo
Sem pejo e pudor, pedante perante o repto da tua fechadura
Jazendo, miro através da mira a mói que mói a dor que me dói…
Odalisca, doce Odalisca bela, perdida na arquitectura vizinha,
Salvar-te-ia, e serias minha.
Não estivesse eu preso nesta cela d’asilo...
Benard LeChien
Deixei cair a máscara
O sonho deixou de satisfazer
Desta vez ele não serve
(Não serve não serve)
Para os meus medos esquecer
Pergunto se sonho é destino
Se destino sonho
Se sonho é sonho
E o certo é certo
Se sonho se mistura com vida
E realidade com destino
Qual é qual, não encontro caminho
Para o que quero e anseio
Tudo à superfície finjo
No fundo, ainda tudo mais derreto
Sei o meu ponto de partida
Não sei o de chegada
“Basta de fantasias”
Vezes me perco na Utopia imaginada
Fujo daquilo no qual não me quero tornar
Uma pessoa a ti igual
Uma paranóia em forma humana
Uma mente que a si própria se engana
Num rodopiar de sufocos
Aonde estranhamente me trancas
- Erros cometerei
Da razão não nego os teus conselhos
Mas é preciso cometê-los
Para te acordar dos (teus) preconceitos! -
Não escolhemos de quem somos nem
De onde partimos
Assim é o mundo, assim as coisas se fazem
Genes inatos, pontos traçados
Imagem por imagem
Não encaixo neste raciocínio da vida
Nesta ordem
Somos retratos falhados
Por instantes, perdi direcção.
Mas não... Não!
Não me derrotarás
Não me vencerás
Sou melhor que isto
Sei que sou melhor que isto!
Não baixarei os meus ideais
Lutarei por quem sou
Pelo que quero
Pelo que anseio
E pelo que sonho!
Este sonho que me saceia a sede de viver!
Sim! Definitivamente serei feliz!
“Basta de medos
Libertem as vossas ousadias”
O mundo foi feito para quem se atreve!
Calma, procurarei a minha felicidade
Enquanto estagnada, vês partir a tua.
Ficas à minha espera... (Ou à espera dele?)
À minha espera?
Sei se voltarei (Nunca...)
D-Furikuri%
Confusão ou Caos ou Apocalipse
ou meramente Estupidez
(?)
(Be great in act as you’ve been in thought. – William Shakespeare)
Não entendo.
Não entendo estas pessoas.
Não entendo
Não entendo
Não entendo
Não entendo.
Olho para fora e vejo estas pessoas.
Estas pessoas as quais não entendo.
Não entendo
Não entendo
Não entendo
Não entendo.
Não percebo.
Estas pessoas, não percebo.
Olho para fora e vejo estas pessoas.
Estas pessoas as quais não percebo.
Não percebo
Não percebo
Não percebo
Não percebo.
Não sei o porquê.
Não sei o porquê destas pessoas.
Não sei o porquê
Não sei o porquê
Não sei o porquê
Não sei o porquê.
Olho para estas pessoas
E não sei o porquê.
Não sei o porquê das cobiças
O porquê das invejas
O porquê dos egoísmos
O porquê das superioridades.
Não sei o porquê
Não sei o porquê
Não sei o porquê
Não sei o porquê.
Também não sei o porquê do que vai dentro de mim.
O porquê deste “estar”
Por vezes, bem, por vezes, mal.
O porquê daquela insatisfação
O porquê desta alegria
O porquê daquela felicidade
O porquê deste tormento.
Não entendo.
Este “eu”, este “me”, este “mim”, não entendo.
Não entendo
Não entendo
Não entendo
Não entendo.
Olho para dentro e vejo este “eu”, este “me”, este “mim”.
Este “eu”, este “me”, este “mim” os quais não entendo.
Não entendo
Não entendo
Não entendo
Não entendo.
Não percebo.
Não percebo este “eu”, este “me”, este “mim”.
Olho para dentro e vejo este “eu”, este “me”, este “mim”.
Este “eu”, este “me”, este “mim” os quais não percebo.
Não percebo
Não percebo
Não percebo
Não percebo.
Não sei o porquê, não entendo nem percebo.
Não entendo o esconder de uns sentimentos para o mostrar de outros.
Não sei o porquê do sobrepor a racionalidade à emoção.
Não percebo o que me rodeia nem o que me constitui.
Mas será que os sentimentos escondidos são os verdadeiros
Ou os que são
(Por alguma razão os mostrei…)
Ou serão ambos reais e verdadeiros?
E serei eu racional ou insensível?
(Por vezes, gostaria de sentir…)
Não posso ser insensível, as emoções estão lá (mas não cá).
Simplesmente são abafadas pelo racional…
Este é tão mais presente, tão mais rápido e tão mais fatal…
(Tantas vezes desejaria eu mais sentir do que pensar…)
Não entendo o porquê deste meu “eu” ser assim!
E porque é que tenho de entender?
Para que estas pessoas possam entender?
E se o meu “eu” for, afinal, o que estas pessoas entendem dele
E não o que eu não entendo?
E se for o que eu quero entender e não o que elas entendem?
Ou então o que elas não entendem e o que eu entendo?
Ou se não for nem uma nem outra?
O que sou “eu”? Como sou “eu”?
Qual é o meu verdadeiro “eu”?
Sou o que sou ou sou o que as outras pessoas me fazem ser?
O que são estas pessoas? Porque se comportam assim?
Onde estão os seus valores?
São o que são ou são fruto da minha imaginação?
Não sei o porquê destas pessoas.
Não percebo este meu “eu”, este meu “me”, este meu “mim”.
Sou eu que sou diferente e anormal
Ou o mundo em que estas pessoas vivem
É que me faz sentir desta maneira?
Porquê o egoísmo em vez do Altruísmo?
Porquê a guerra em vez da Paz?
Porquê o ódio em vez do Amor?
Não entendo…
Não entendo…
Não entendo…
Não entendo…
D-Furikuri =S
. 091009
. Tempo
. K.O.ALA
. (...)
. Onanismo
. Sinos tocam no horizonte ...
. Origem
. Onanismo
. Reflexos... pensamentos, ...
. Descrições de Uma Planaçã...
. A Título