Sábado, 24 de Maio de 2008

Hun? A sério??

conto-vos que

gosto de gozar um croissant com gula vívida,

lânguido. desfolhá-lo, quase caçá-lo e

a dentadas selectas esfomeadas...

o croissant, que desfaço com tanto gosto e tentação!

minha tara, retalhar e massa fina

que estala como mentiras...

o croissant mito, aquele que todos pensam

conhecer sem o terem provado, esse

e a sua história deixam-me nostálgico!

o croissant que degustam, se

ao menos fosse preparado com menos carcaças

sem o quilo de saturados e doces requintadas manias,

esse foi a tentativa feliz de não vender o croissantgraal!

não gulam o croissant que tive a delicia de lamber, sorte cedida!

sabem porque nunca o sequer vão ver de esguelha?

era tarde demais. o croissant

concretizara-se croissant sem ser o divino,

pouco havia a fazer...

e descobrir o nome que substituíu o croissant por que rezo?

terá sido afinal uma Magdalena?

Magdalena, vai, Magdalena vem, e

trará o destinos os seres mais doces para que os admire!

 

Pirua

20/05/08

reflexo de turma 12º 12 às 17:56

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Sábado, 17 de Maio de 2008

Velhice

 

            Torno-me mais velho

…e cada vez mais impaciente.

 

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

Quando forem três e trinta e três da manhã, deito-me…

 

… Vou dar uma volta.

 

*

 

Os meus pensamentos definem-se na auto-estrada nocturna

Reflexos de celestes musicais ocultas.

Sem fio condutor que as ligue, dispersam e embaciam

Órfãs.

 

Paro.

 

A mulher tem vestido: Mini-saia cujos centímetros correspondem à idade de quem a usa, certo, top vitoriano com o propósito de iludir e aumentar os seios e sufocar a verdade dos pulmões, certo, saltos altos vermelhos que não combinam nem com a saia nem com o top, certo, casaco estupidamente brilhante de tecido fraco e barato, certo.

Não masca pastilha.

 

Lembra cigarros, cemitério e morte. Cimento, a infância nostálgica, a depressão natalícia e a minha pessoa. 

 

A prostituta não se deixou vender.

Talvez deva procurar um médico.

 

            Nota Mental: Rever e Teorizar a ultima afirmação.

            (O meu cérebro graceja. O meu coração jaz).

 

            *         

 

Estou bem.

            Estou sozinho e estou bem.

            Como se fosse algo natural e sinto-me natural.

Alguma coisa não está bem em mim, e no entanto

            Eu estou bem. 

 

Passando por uns campos sombrios

É a vegetação verde, a vegetação ambulante, a vegetação natural que é e respira

Um ser vivo que me sussurra docemente ao ouvido:

 

Lembro-me dos anos da minha irmã, no campo.

Era jovem, dez e poucos e ela tinha uns cinco.

Como tal, decidi fazer-lhe uma casa na árvore.

Mas por muito que tenta-se, não conseguia:

Ora as tábuas não eram simétricas

Ora não conseguia martelar como deve ser

Ora a arvore não tinha o porte adequado

Ora pura e simplesmente o tempo passava e a casa não existia

E a minha irmã, ela envelhecia e eu ficava a lutar contra o tempo.

 

Paro.

 

E vem um homem ter comigo e pergunta-me

“Tem problemas? Quer ajuda?”

Enxoto-o, como quem enxota uma varejeira.

 

Encontro uma cabine telefónica.

Encontro uma lista telefónica.

            E simplesmente divirto-me a lê-la, até serem nove da manhã.

            Levanto-me, inspiro e caminho.

            Só e natural. Como um pensamento compacto, pacífico e sossegado.

 

Não há órfãos durante o dia.

 

Só há direcção.

 

“E que queres hoje aprender a tocar no piano?”

Tudo o que houver para ensinar. Tudo.

 

 

* * *

 

        * * * * * *

 

                                                  * * * * * * * * *

reflexo de turma 12º 12 às 18:58

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Avô

                Sento-me na sala. Fogueira na parede, costas para as portas, eu e o meu avô, que é o homem grande que vêm, afinal, não há mais ninguém para além de nós os dois, reconfortamo-nos no rubro vidro que se acende ao se desfazer. Nada dizemos, porque nenhum de nós sabe o que dizer. Tento dizer-lhe algo que ele goste, mas não sei do que ele gosta. Ele não necessita de quem lhe oiça mas de quem lhe fale. As pessoas ralham com ele como ralham a uma criança, mas não o mimam como mimam a uma criança, e isto é todo o dia, nos dias em que o vemos pelo menos. Uma semana no Natal, uma na Páscoa, duas no Verão e um telefonema nos anos. Oitenta anos de vida para isto.

            Quem és tu, avô? Qual foi a tua vida? Não deves ter lutado na Segunda Grande Guerra, para teres oitenta. Isso ou lutaste eras um rapazito, pouco mais jovem que eu. Sei que lutaste, talvez além-mar, nas colónias. Trabalhaste como condutor de comboios, esses monstros que não precisam que lhes conduzam, eles sabem aonde vão, têm estradas que não são estradas e condutores que não são condutores. Deram-te o emprego, pagaram-te mal, e agora tens a tua pequena fortuna, da qual não usas nada, ganha numa vida dura e injusta num trabalho desprezado. Sabes ler, sorte a tua. Acabaste mal na vida, viúvo, ignorante e sei lá mais o quê.

            Tens o peso da tua educação nos teus ombros. Falas do Eusébio como um negro que não sabia falar nem ser e que o capturaram, pois corria nu e estúpido lá nas selvas de África. É o que dizes tu. Tens os teus problemas, que todos os velhos têm, mas sofres menos deles que a maior parte possa dizer, no entanto o queixume é o dobro. É o que diz o meu pai, aquele grande homem que se parece com o meu avô mas mais novo. És ingrato, cospes no chão e queixaste-te de tudo e todos, azedume, como diz a minha mãe, que já não é um homem grande, mas não deixa de ser uma grande mulher. E então, no meio disto tudo, não tens quem te dê atenção nem quem converse contigo, só ouves nas orelhas do meu pai e da minha mãe, és ludibriado por vendedores e peixeiras que te vêm como um poço e não como pessoa, e eu que sou teu neto, não sei como te falar e faço um sacrifício de estar aqui contigo enquanto todos estão a fazer sei lá o quê.

            Pego nuns jornais e distraio-me uns fúteis momentos a desfazê-los e atirar as suas carcaças ao fogo, onde o papel revela a sua forma original, o pó. O fim é a revelação, o apocalipse de que São João fala, o revelador. Quem te irás revelar, antes que tu reveles a tua forma, avô?

            Será que tu sabes que tenho pena de ti? Parece que esperam a tua morte, tentam despachar-te, fazem orelhas moucas, quando mais depressa calares-te mais sossego há.

            Quem me dera, quem me dera apenas arrancar-te daqui. Levar-te longe, comprar-te casa, casa digo, casa limpa e não aquela caverna monstruosa que tens, cheia de teias, mijo nas paredes e bolor no chão, mas que farias nessa casa? Deixarias as teias crescer, mijarias no chão e verias o bolor fermentar nas paredes. Não terias quem te ligasse, eu tento ligar-te mas não é fácil, não. Como se fala a quem não se sabe se quer falar. Tu queres falar. Fazes piadas, mas ninguém entende as tuas piadas. Tu tentas ser parte de uma família que te tem mas não te tem porque nunca te teve.

Isso, isso, fala mal da bola. Disso já eu sei. Falar mal dos futebolistas, lá vem outra vez a conversa do Eusébio. Sorrio e não ligo. Não sou melhor que os outros, como se pode falar com alguém que simplesmente… Não vale a pena. Poucos anos tens de vida avô, e vais passar estes últimos anos antes de morrer um cadáver ambulante, falando sim, mas sem ser escutado. Mas eu agora escuto-te… Mas não te escuto mesmo, porque se não te respondo, como sabes tu que te escuto? Como sei eu sequer que te escuto? Ignoro-te apenas, sorrio ignorantemente, um sorriso desonesto e falso, para te fazer sentir apreciado. Sou um ladrão da tua felicidade, sou mau e sujo, não te devia fazer isto, mas não sei que outra maneira te ajudar.

          Pai, é isto que acontece? Vive-se e torna-se uma fralda antropomórfica, como tu dizes, vivendo como os bebés, comendo, dormindo e cagando? É isto que queres que te aconteça, Pai?

            Boa noite.

            Ele vai e deita-se… Boa noite avô, boa noite. Vive mais nos sonhos que vives na vida, provavelmente. Com que sonhas? Com que sonha o homem que não tem porque sonhar? Nem sonhos podes sonhar ter, nem esperanças. Esperanças de quê? O tempo é tardio, Ricardo Reis resmunga no seu refrigério resguardo, e tu nunca mais serás uma pessoa. És um bebé órfão, sem quem te ame e quem te cuide. Isto é, sem obrigação.

            Quem és, avô? Quem sou eu para ti? Porque é que avô e neto não se podem dar como avô e neto? Preciso de falar contigo avô, porque tu precisas de falar comigo. Antes que seja demasiado tarde.

 

                                                           Bernardo Cão 

reflexo de turma 12º 12 às 18:55

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Domingo, 11 de Maio de 2008

warmed

   blocos, blocos. da grama vêem-se grandes empreendedorias de blocos fofos. nuvens geométricas pairam a centímetros escassos do cume dum monte raso. o sol aconchega-se aqui ao terreno, está amarelando ou doirando singelos opacos blocos por vezes enegrecidos que cedo dispersar-se-ão com a luz aqui tão de perto que a sinto no peito a trabalhar a diastólica e sistólica engrenagens que me falham, por vezes. este é um ambiente, fantasia. tão real porque a vejo e consigo beber, de céus mais ou menos coloridos e metas alcançáveis. uma animação infantil em que prevalecem formas voluptuosas, palpáveis, aliciantes.

   esganiçada, diz-me que só a realidade importa e que sou comum, desprezível, ela, solista arruinada, traída.

 

26/03/08

- quarta (21:)

 

gonçalo julião

reflexo de turma 12º 12 às 14:27

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Quinta-feira, 1 de Maio de 2008

Deus é Homem

                       Quantas vezes dizemos “Adoro-te” a quem realmente odiamos?

    Quantas vezes dizemos “Odeio-te” a quem realmente adoramos?

O mundo força-nos, enforca-nos, esmaga-nos

                       Em injustas sentenças.

 


Vale a pena viver esta vida que não perdoa?

Não sabendo o que vem amanhã,

                                                             Caminhar por trilhos incertos

              À procura do destino que não cabe nas nossas mãos.

 


                                 Ricos e sacanas continuam a entreter-se

                                                       Enquanto inocentes e pobres, em terras lamacentas

       Seus próprios pés arrastam

A pedir “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”.


 

                 As esperanças secaram, Excelentíssimo Deus.

                                                                 Não quero que no final prometas paraíso,

Simplesmente rogo-Te um pouco de juízo.

                       Deixa de ser prepotente, Deus.


 


O mundo anda maluco

 

E Tu pareces não Te importar.

 

“O quê? Matam-se muitos?

 

O quê? Morrem muitos?

 

Continuem, não se queixem

 

Que ainda não se destruiu tudo.”

 



Já não és Deus, Deus.

 

Agora és Homem.

 

O Homem é Deus.

 

Obrigada e Adeus.

 

 

                     César Luís Aca

música: Prisioner of Love - Utada Hikaru
sinto-me: Pensativa
reflexo de turma 12º 12 às 19:09

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