- Queria saber pôr em palavras o que me vai na cabeça. Fumo este cigarro, mas não sabe a nada! Queria saber como transformar em fumo as palavras que não me saem da boca, para que se possam espalhar por aí , pelas pessoas.
- Sabe, o fumo do tabaco incomoda a maior parte das pessoas.
- Ora, bolas! Precisamente! Esta cambada de idiotas precisa de ouvir umas boas verdades! Precisa de ser incomodada! Se eu conseguisse transformar as palavras que quero no fumo do tabaco…
- Então não seria só o senhor quem teria o poder de dizer as verdades... Muita gente fuma, como já reparou…
- Ah! Fumam, mas o fumo incomoda-os! Cambada de idiotas! Cínicos! Hipócritas, são o que são! Se o meu fumo fosse as minhas palavras, soprava-o bem soprado para cima de certas e determinadas pessoas!
- Ja disse, não pense que é o único que fuma...
- Oh, rapariga! Nao venhas com tretas! Bem sabes que podem muito bem fumar, mas nenhum deles dá uso à inteligência nem ao fumo! Se fosse eu, se fosse eu… Eu… Eu intoxicava-os todos com o meu fumo! É o que eu digo, bem que precisam de umas boas verdades!
O senhor dá mais uma passa no seu cigarro. A ponta queimada invade mais um pouco de território, a parte branca encolhe-se mais um bocadinho, timidamente.
- Oh, menina, menina! Se soubesse o que eu diria a esses chico-espertos que andam por aí a falar muito, depois a enganar as pessoas e depois a ficaram todos ricos e, ah e tal, depois com muito dinheiro, muita mulher, mas afinal são todos uns corruptos, pá!
- Mas, então, senhor, o que diria a esses espertalhões?
O senhor olha estupefacto para a rapariga. Dá um gole na cerveja, paga a conta, apaga o cigarro e vai-se embora.
A rapariga olha para o cinzeiro. A beata do senhor encosta-se às suas novas amigas e companheiras, outras beatas. Ela acende um cigarro, dá uma passa e liberta o fumo da boca. Espreguiça-se.
O fumo voa, voa bem alto, para longe. O vento modela o fumo e, aos poucos, letras de cor cinzelada ou branca, de leveza leve, como nuvens esfumadas, dançam no céu, numa festa de palavras, desenhando os pensamentos da rapariga: “Afinal, este senhor é igual a todos os outros. Idiota, cínico e hipócrita...”.
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
Miguel Torga
D-Furikuri =)
Conquista
Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!
Miguel Torga
...e venham cá convencer-me do contrário!!!!!
AC
É tempo de tocar as notas musicais do paraíso, folhear as páginas do livro da felicidade, mergulhar na água do futuro, lutar contra as tempestades.
A vida não pára. A vida corre e corre e corre e continua a correr ao longo dos anos que passam até a um tempo indefinido. Se as asas ocultas rasgarem a tua alma, então poderás voar, então serás livre.
. 091009
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