- Então, já estás melhor?
- Talvez.
- Hum… Já sararam?
- O quê?
- As tuas feridas.
- Talvez, se ninguém as vier abrir.
- Voltar a abrir, queres tu dizer.
- Como queiras.
- Tem-lo visto?
- Não.
- Porquê?
- Não me apetece.
- Não te apetece?!
- Não.
- Devia-te apetecer.
- Ai devia?
- Sim.
- Hum… Tanto faz.
- Não perguntas porquê?
- Não preciso da resposta.
- Está bem.
- Hum.
- Mas porque é…
- Não quero.
- É simplesmente…
- Não preciso.
- Só tens de…
- Não vale a pena.
- Está bem.
- Pois está.
- Sim… Quer dizer, não custava nada…
- Não insistas! Porque é que não te calas com a porcaria desse assunto?
- Porque tu não estás bem, precisas de falar com ele.
- Não, não preciso.
- Porque não?!
- Porque acabou.
- Mas tu és importante para ele. Não só para ele, mas também para…
- Era importante.
- Sim, eras importante para ele, mas para mim continuas a ser importante.
- Também és importante para mim.
- Tenho saudades tuas.
- E eu tuas.
- Eu… Preciso de te dizer algo… Eu… Eu gosto de…
- Não digas isso, por favor.
- Já sabes.
- Sei.
- E?
- Não sinto o mesmo. Desculpa.
- Não faz mal.
- Faz. Vou-me embora.
- Não vás.
E ela não foi. Ficaram os dois ali, num indeterminado espaço e tempo. Ficaram ali a olhar para o vazio que enchia aquele sítio. A luz do sol batia quente nas suas faces e nada mais sentiam. Numa conversa disseram tudo o que queriam dizer e, simultaneamente, deixaram escapar a oportunidade para dizer o que realmente queriam dizer, ele mais que ela…
D-Furikuri ; )
Can it ever be saved?
Will it rest in a deadful peace
Somehow without return?
This face of a lost angel doomed with disgrace…
The thickest tear you’ll ever bleed
Will come out just as it should be.
No pain, no sorrow
Another way to stay so hollow.
Don’t fight against what’s doomed
Tomorrow will be here soon.
You’ll say to the angel who’s lost
That you’ve found a way to salvation
It’ll tell you the most faithful truth:
“It’s nothing but cursed damnation.”
Looking at the mirror, you look at yourself:
“Will I rest in a deadful peace
Somehow without return?
Can I ever be saved?”
This face of a lost angel doomed with disgrace...
D-Furikuri =)
Corres. Corres pausadamente.
Respiras. O ar invade-te pelo nariz e abandona-te pela boca. Inspiras, expiras. Inspiras, expiras. Respiras.
Corres. Corres com passos lentos. Cada passo bate no chão com a mesma lentidão com que o ponteiro marca as horas. Tic... Tac.
Ouves música. Tens um aparelho electrónico no bolso direito do teu casaco. Ouves uma música calma, serena, triste e melancólica que te faz concentrar na tua corrida.
Corres. Não te esqueces que corres. Mas lenta e vagarosamente. Quase que adormeces, se não fosse o teu instinto de corrida mais forte do que tudo o resto.
Observas. As tuas calças de fato-de-treino são azuis, mas notas que não são de um azul tão real como o azul do céu. Aquele azul que queres atingir, mas que sabes que, na realidade, é inatingível. Observas as nuvens. Vai chover.
Corres. A chuva começa a cair. Cada minúscula gota beija um respectivo poro da tua face. Já estás molhada. No entanto, continuas a correr. Sempre em frente. Nem sequer olhas para trás. Passaste por casas, passaste por árvores, passaste por campos desertos dum verde imenso, passaste por cidades dum imenso negro, passaste por tempestades, passaste por alegrias, passaste por tristezas, passaste por montanhas e planícies, passaste por mares e rios, passaste por fome e morte, passaste por amor e vida, passaste por bem e por mal, passaste por Tudo e por Nada. Mas continuas a correr.
Corres. Corres pausadamente à chuva. Corres… A corrida da Vida.
É fabuloso. É um achado.
Teve uma grande ilusão ele. Desgastou-se naquilo.
Eu conto!!
Ia dar o seu voto e comprou um diamante com um anel. O problema é que o diamante brilhava e chamava atenções e invejas. Foi-lhe roubado. Foi a correr de volta para ele.
Ele achava que podia continuar. Era uma jóia e fazia-o rico.
A jóia perdeu-se.
Ele atirou o anel à primeira àrvore do jardim do lago quase seco junto da rocha e da árvore. Na esperança de o poder ir lá recuperar.
Gonçalo Julião. 27/07/07.
Splendor in The Grass
William Wordsworth
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What though the radiance which was once so bright Be now for ever taken from my sight, Though nothing can bring back the hour Of splendor in the grass, of glory in the flower We will grieve not, rather find Strength in what remains behind; In the primal sympathy Which having been must ever be; In the soothing thoughts that spring Out of human suffering; In the faith that looks through death, In years that bring the philosophic mind. |
Já que foi inaugurada uma nova vertente no blog, mais um excerto dum "grande" da Literatura Universal...
E aconselha-se o filme, Splendor in the Grass, quase tão antigo quanto eu!!!
I think I could turn and live with animals, they are so placid and self-contain'd,
I stand and look at them long and long.
They do not sweat and whine about their condition.
They do not lie awake in the dark and weep for their sins,
They do not make me sick discussing their duty to God,
Not one is dissatisfied, not one is demented with the mania of owning things,
Not one kneels to another, nor to his kind that lived thousands of years ago,
Not one is respectable or unhappy over the whole earth.
estou aqui para tentar fazer entender a minha eterna necessidade de mudar... fazer-me entender, e tentar eu mesmo entender porque nunca consigo satisfação, porque nenhuma decisão parece ser a que mais quero, porque me retraio e não faço o que deveras quero.
desde que me conheço sempre tive necessidade de ser outra coisa, de me inventar e reinventar, de me personalizar e de ao menos tentar ser único e fiel a mim mesmo... como é que me consegui afastar disso? perdi-me e desde então todas as mudanças a que me submeto são pura dispersão de energia... tentei ser simpático; íntegro; alegre e tentei uma forma de estar, de sentir, reservada mas cheia de alegria e vazia de conflitos, mas disto tudo, destes planos todos, sobraram réstias... mal consegui conter o meu feitio vulgar e à simpatia não devo muito; a integridade manchou-se com a minha boca grande e a alegria desaparecia quando me tentava convencer que podia ter tudo aquilo... e então pensei... não tenho tempo para isto!!
não houve realmente muita gente capaz de suportar a minha essência, a qual deixei fluir comigo como um perfume vindo das maravilhas do reino dos altíssimos e senti-me poderoso e senti que de facto poderia vencer qualquer obstáculo. MAS... a vida é um obstáculo ao qual se deve sorrir e não fazer-se frente, assim como não devo fazer frente ao vento em dias de chuva, ou acabo desarmado...
e fiz tantas e variadas escolhas, que algumas me amargaram e outras me souberam melhor, mas aprendi a nunca me arrepender de nada do que fizesse.
aprendi, ao fim de muito deixar por fazer, que nunca irei renegar quem sou; que as oportunidades aparecem e que irei sempre respeitar-me mais do que qualquer outra pessoa irá! ah! e aprendo agora que mudar sem o devido tempo é frustrante e completamente irrelevante...
preciso de uma nova vida...acho que agora há tempo para mim...fielmente e conscientemente...haverá tempo! e que seja o que eu quiser.
14/07/07.
Não vale a pena contar a minha história. Ela é igual a tantas outras. É sobre um rapaz que um dia, um certo destinado dia, s’apaixonou e nunca mais viveu sossegado. A história de um rapaz que nunca quis mal a ninguém, mas acabou por magoar a todos os que lhe eram queridos. Uma história de erros e enganos e de alguém que acabou por não perceber o milagre da vida. Como tantas outras histórias.
Poiso a toalha e a tesoura no lavatório e olho-me para o espelho. Às vezes, certas vezes, eu vejo um brilhozinho nos meus olhos, uma aparição fugida, como vejo muitas vezes em tantos outros. Será a alma? Eu já não me acho capaz de conter uma alma. Estou tão vazio de tudo e tão cheio de nada. Não. Não é a minha alma. Coloco a tesoura entre as minhas mãos. Ela reluz como os meus olhos. Até esta tesoura tem mais alma que eu. Agarro uns fios do meu cabelo e começo a cortá-lo até ter um penteado curto e desalinhado. Olho de novo para a tesoura que me devolve o olhar cortante numa frieza calma. A tesoura não tem alma, mas contudo sabe o seu triste propósito.
Deixo cair o meu corpo pesarosamente na água. Sabe bem senti-la depois, agressivamente, tentar repor o lugar que lhe tiraram mas de nada serve. Ela é como eu.
A minha história é sobre um rapaz que tentou controlar tudo e tentou nunca ser feliz pois a felicidade levam a desilusões e desenganos. Mas um dia, um certo dia, fui feliz. E então nunca mais tive sossego. E é verdade: eu nunca quis magoar ninguém. Só queria passar ao lado. Não me envolver. Não causar nada. Simplesmente deixar os outros viverem sem os incomodar para não me incomodarem. Até que me envolvi. Envolvi-me porque, fui mais fraco que o costume, e por um momento, fui tentado a ser feliz, a ser alguém. E fui feliz, fui alguém. Durante um dia. E vejam aonde isso me conduziu. Dia após dia, são páginas electrónicas recheadas de pornografia que vaza a alma e me deixam sujo e obsceno. Dia após dia é a mesma sensação de pânico. Dia após dia é a consciência de que eu não tenho futuro. Pois, se há um que encontra e é feliz, há outros mil como eu que nada terão e são ordinários e comuns eternamente. Pois se há um que encontra sentido, há outros mil como eu que apenas vêem Morte nas páginas da Vida. Deixem-me morrer, que eu já morri. Já vi tudo o que tinha para ver e o meu futuro abre-se perante mim como uma cova na terra pagã.
Lá ao fundo oiço uma voz que chama o meu nome. Claro que eu sei que não é para mim; chamam o gato, a quem lhe deram o meu infeliz nome, e ele vem, contente e sem quaisquer perturbações. “Invejo a sorte tua, que nem sorte se chama”. Tu, que nada sabes sobre controlo nem sobre a vida. Tu, que nunca tentaste nada. Sempre foste. Invejo-te, tu, que nem homem és mas tens ao menos quem te chame. Banho-me e lavo o meu corpo das impurezas que me cobrem através de um óleo. Sinto a sujidade a sair de mim. Por um momento, sou puro. A água que cobre o meu corpo reflecte um líquido luar prateado. Aos poucos, esse luar toma uma tonalidade rosa para, em seguida, s’erguer num vermelho sangue de chamas apagadas.
Olho para tudo o que já fui nem nunca fui: Havia tanto, tanto…E agora sou nada. Sou apenas mais um... Quem me dera ser especial... Num olho brincalhão ali… Um amigo acolá… Penso como é bom repousar a cabeça no peito de uma mulher… Como é bom rir… Como é bom o vosso carinho… Como seria bom se eu não…
David João
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