Domingo, 19 de Novembro de 2006

Evanescência





    Certo dia, na bela manhã que nascia, passeando pelos bosques ouvindo o canto dos pássaros, sentindo a luz do Sol a bater contra a minha cara, cheirando a Natureza celestial que me rodeava, de súbito, ao longe, bem lá ao longe, não sei exactamente qual a direcção ouvi uma voz.
     Uma voz serena, calma, tranquila, pura, linda.
    Maravilhada comecei a correr, a correr bem depressa, tentando alcançar aquela voz que eu nunca antes ouvira e que tão prodigiosa me fizera sentir.
    Não sei ao certo durante quanto tempo corri por entre árvores, por entre arbustos robustos, por entre a vegetação verde e virgem. Apenas me deixei levar pelas asas dos meus pés, que pareciam saber tão bem qual o caminho a seguir.
    Finalmente parei de correr, o meu coração palpitava fortemente dentro do meu ofegante peito, as minhas pernas tremiam como varas verdes, a minha garganta estava seca e das têmporas corriam pequenas gotas de suor.
    Estava cansada, quebradiça, exausta. Tinha sido uma longa corrida.
    Cerrada vinha a intensa água, a cair em pequenas pingas, da atmosfera.
    Rendida fechei então os olhos e deixei que a chuva me aplaudisse, me molhasse o cabelo, a cara, a roupa.
    À medida que o aguaceiro ia caindo cada vez mais valente do oportuno aglomerado nebuloso, cada pedaço de mim ia sendo banhado com alegria, satisfação, prazer.
    Como era bom sentir a chuva a lavar todo o meu ser e toda a minha alma!
    De olhos ainda fechados deitei-me sobre a relva macia, enfeitada com o orvalho que voa com o vento baixo, que brinca com a branda espontaneidade, continuando a tombar em mim a tão benévola chuva como que acariciando cada traço do meu ser, cada migalha do meu corpo e, de surpresa, a chuva parou de cair.   Levantei-me vagarosamente da relva e permaneci apenas sentada ao mesmo tempo que abria os olhos.
    Ao olhar à minha volta senti que tudo aquilo que eu antes tivera contemplado e todo aquele lugar se desvanecia por completo sem deixar qualquer rasto, restando somente uma espécie de fumo que se ia também apagando conforme o cenário se ia dissipando.
    Ao longe, bem ao longe, ouvi uma voz que ressoava dos ramos das árvores até mim… e prosseguia… Mas serena, calma, tranquila, pura, linda.

   E fez do cenário evanescente um espectro não mais existente…

                                                   Daniela Freitas


 

sinto-me:
reflexo de turma 12º 12 às 14:10

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Sexta-feira, 17 de Novembro de 2006

Solitário

   Bem .. uma pequena introdução .. como efectivamente ( eu gosto de usar estas palavras caras porque me fazem parecer mais esperto )  eu estou em Literatura com os meu colegas do 11º 12 ,ou quase 11ª 12 , tenho ocupado bastante do meu tempo a escrever poesia e prosa ... a prosa ainda está a ser organizada, a poesia, se é que se pode chamar de tal, pois na verdade são simples versos combinados pelos seus sons poéticos (mais uma vez , o uso de palavras caras para me fazer parecer intelectual ), essa ainda se encontra em fase de desenvolvimento.

   Sobre o poema, este provém de todo um sentimento que sinto desde a infância. Um sentimento sobre o qual escrevi por exemplo, no Vida de Duche , ou Duche , ou lá em que nome pus o texto, visto estar sempre a mudar o nome, o formato e o conteúdo dos meus textos. Mas, como ia dizendo antes das minhas divagações interromperem a minha linha de pensamento, a vida é um baralho de cartas, nós temos de saber jogar as cartas ... ou pelo menos trazer um deck extra debaixo da manga.


Solitário

Esta vida é um baralho de cartas,
O assobio de uma melodia rústica
Composta apenas por notas baratas.
Inspira e relaxa, aprende a ter calma.
Quando te aperceberes da música,
Seremos personagens do Jorge Palma.

As nossas noites são tão escuras
E os nossos dias mais ainda
Mas não deviam ser torturas.
Ela queimou-te os teus poemas
Quando soube da tua vinda,
A vida prega destes esquemas.

Por isso expira e desabafa comigo,
Neste jogo sem reis ou rainhas
Elaborado só para ti, meu amigo:
Curiosamente desorganizado,
Onde nada é escrito por linhas.
Maravilhosamente arquitectado.

A frustração é uma coisa terrível
Para quem já sonhou ser especial,
Na rima de um poema já previsível
Para quem já quis mais que viver,
E mais que tudo é inconstitucional
A maneira como te deixas vencer.

Nada penetra nesta excelência
Onde não existem bons ou maus.
Neste jogo, não há ausência
Nem desforra sem paixão,
Numa ordem feita de caos
Onde tudo e nada se encaixam.

   David "Mania de Intelectualidade" João - Clichés

 
música: Estrela do Mar - Jorge Palma
reflexo de turma 12º 12 às 15:49

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...

  Já lá dizia o meu avô...Que por acaso não conheci..."Quem tudo quer tudo perde" e foi por ele dizer isso que aprendi.
  Aprendi a não invejar o que os outros têm e a dar mais valor ao que tenho, pois "Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem". Mas isto já foi dito por outrém, pena é que continuem a existir pessoas a querer o que não lhes convém. Ai! Como sonham alto e, quando se apercebem que não conseguiram atingir o seu objectivo...PUUUM! Caem!
  "Falam muito e dizem menos que eu", já lá dizia a minha avó que era gaga e que eu também não conheci, pois há quem diga muita coisa que não interessa, mas mesmo assim pensam que estão a agradar toda a gente. Se continuam a falar não há quem aguente!
  Podia continuar dizendo: "A galinha da vizinha é sempre melhor que a minha" ou "Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti", mas toda a gente já sabe. Neste momento apenas posso dizer "Se a carapuça servir, façam bom uso dela".

 

Raquel

reflexo de turma 12º 12 às 15:48

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Segunda-feira, 6 de Novembro de 2006

Meandros

   Imperiais nuvens estão agora contíguas a meus olhos, que neste pedaço que alcanço leram no céu, mais limpo, o momento em que me viria resgatar o vento cavaleiro, que me arrastaria até à rendição da neblina.
O barulho, que não aceito nem a dormir, mantém-se histérico; a minha cabeça está cheia de ruídos consumidores e dói-me e palpita e treme, distorce. Aaaaaaaaah!
   Eu prefiro a minha música de três sinos a ribombar; coros de sopranos; violinos a ranger; a harpa nas minhas mãos; janelas a bater; o trovão que se faz valer; a largada da chuva do cinzelado firmamento e o zumbido do forte vento na minha porta. E o cavaleiro cavalga até mim.
   Abro a última porta e quase voo até que me ajoelho junto das alvas dunas. Escorvado na areia entre duas âncoras eminentes, a primeira gota de chuva assentou no canto de minha boca e depois... Depois explodiu em mim a chuvada e escorreu-me pelo rosto. Senti cada gota, cada carinho que me proporcionaram, os beijos... uma delícia.
   O relinchar do trovejo, o cavaleiro trovador, vem-me revelar. Vem a murmurar ou a cantar...?! Vem arrastar-me para a bruma e deito-me na água... desvanecendo-me, não... mas ascendendo... ao destino.
16, Outubro 2006.
Gonçalo Julião.
reflexo de turma 12º 12 às 14:38

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