As pedras são pedras. Ainda que diferentes no aspecto, serão sempre iguais mecanicamente. Não pensam, não sentem e nada distingue as personalidades umas das outras. Elas não têm personalidade! E está tudo bem.
Talvez devêssemos experimentar com as pessoas. Parar de as rotular, tentar previsibilidades, desiludirmo-nos com as mudanças matemáticas.
Como caracterizar a menina que aceita uma viagem a Veneza em troca de um jogo na roleta russa? Ou o menino que, em troca de nada, decide arriscar na montanha russa que pode ou não estar partida ao meio? Sem antecedentes: vida pacífica, talvez felizes, remediados monetariamente, sem tentativas de suicídio ou sequer depressões, medianamente sociais, alegres, alunos bastante razoáveis ou até bons, sem problemas familiares incomuns, relações afectivas estáveis…
Pode-se dizer que tem uma vida normal… então o que os desligaria dela num ápice? Um momento de adrenalina por uma vida equilibrada e satisfatória?
Impossível. Sem antecedentes de consumo de drogas ou sequer, inocentes desportos radicais…ninguém começa tão por cima…
O pai de Catarina caça todos os Verões. Catarina sempre sonhou, fantasiou desde a mais tenra e pura infância com aquelas armas de que não se podia aproximar, que estavam tão longe e tão perto, que traziam petiscos para casa e histórias de florestas que apenas podia frustradamente imaginar. Não poderia desperdiçar aquela oportunidade. A morte não se sente e, a vida que adorava, não tinha meio de lhe fazer falta. Os mortos são pedras.
Porque é que alguém haveria de saber os secretos sonhos da menina? Não sabem. Psicólogo, rótulo de depressiva, inconstante, talvez dupla personalidade.
Sorriso complacente. Porque haveria de confessar?...um segredo de que não se tem pudor… intimamente seu. Viagem a Veneza no mês que vem…
Alexandre, bem… montanha russa partida (já repararam que tudo o que é fatalmente perigoso tem a palavra russa?). Razões? Porque haveria de ter razões? Porque haveria de pensar quando, por vezes, as pernas cumprem tão deliciosamente bem a sua função sem passar totalmente pela intelectualização? Os corpos não são pedras… mas este agora é…
Ganho? Orgasmo mórbido comprovado. Sadismo? Depende da definição. E não, porque haveria de ter precedentes?... Provavelmente nem saberia: leigo em reacções biológicas…
Porque haveriam de ter as acções deles, alguma coisa a ver com as respectivas personalidades? E…se não houver personalidade? Nada é fixo! No fundo, somos apenas…pedras…
Sílvia Marôco
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