Ela bateu três vezes à porta. E foi-se embora, sem nada saber.
Há dias em que se chora, há dias em que se ri, há dias em que se aprende. E há dias que são uma mistura de tudo isso. Como esse dia.
Ele ficou aborrecido… Ela já devia saber que não precisava de bater à porta. Sim, ela devia saber. Mas e se não soubesse? Não… Ela já devia ter percebido. E chorou, confuso e indeciso. Perdido.
Na verdade, ela não sabia. Nem sonhava! Desejava não ter que bater à porta, porém julgava a realidade desse desejo relativamente inverosímil. Pensava que nunca teria hipóteses, que bateria sempre… Sempre.
Ele não conseguia dizer-lhe. Estava ciente de que iria arrepender-se, se o fizesse. Era um estúpido. Inexoravelmente idiota. Mas simplesmente não conseguia, aquela frase ficava-lhe presa na garganta. Era uma janela por abrir.
Era uma aproximação adiada, julgada impossível. Ela não conseguia aproximar-se por receio. E não se aproximava. Ele não conseguia falar por receio. E não falava.
Mas nesse dia, tudo foi diferente.
Ele foi ter com ela. E disse o que tinha a dizer. E ela ouviu.
Um sorriso.
Ele dissera finalmente: “Gosto de ti”. E ela ficou a saber aquilo que há tanto tempo queria ouvir.
Nesse dia, ele aprendeu que há janelas por abrir, e há que abri-las, sem reservas nem receios. E ela aprendeu que não é preciso bater à porta. Porque quando alguém nos abre uma janela, quando somos desejados, a porta está sempre aberta.
Inês Rocha
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